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Fila Brasileiro

 
O Fila Brasileiro é a mais antiga raça brasileira reconhecida pela F.C.I., a entidade máxima da cinofilia mundial.​ A origem da raça permanece obscura. Existem muitas teorias, todas discutidas e incompletas, difíceis de provar. A mais interessante é proposta por Procópio do Vale, no seu livro “O grande livro do Fila Brasileiro”, editado no final da década de 70. Segundo ele, a base do Fila viria de um molosso mestiço trazido pelos europeus, especialmente pelos holandeses. Esse molosso teria se miscigenado com cães locais sem raça definida, e com outros de raça, trazidos também pelos holandeses. Alguns também sugerem, baseados em semelhanças físicas, que o Fila viria de Mastiffs Ingleses, Bloodhounds e do antigo Bulldog Inglês. Sim, é possível identificar semelhanças físicas entre eles e os nossos Filas atuais, mas dizer que este último descende dos primeiros é um pouco difícil de provar.​ Na realidade a raça parece ter nascido de miscigenações, sem que saibamos de quais cães, mas que foram selecionados pela seleção natural, ao menos até o momento da primeira padronização da raça.
 
Tudo indica que os primeiros Filas foram utilizados na caça à onça, o que não é inverossímil. Daí viriam algumas características necessárias para esse trabalho: a mordida poderosa, o andar felino, a mobilidade do seu corpo, e, sobre tudo, a pele solta. Essa última deve ser entendida tomando em consideração a forma dos felinos atacarem as presas: dominam a presa com as unhas mordem na garganta para sufocar.
Assim notamos no Fila a pele abundante, grossa, e solta em todo o corpo, o que impediria que as unhas da onça penetrassem nos órgãos. E as barbelas fariam que a garganta do cão ficasse fora da potente mordida da onça. E, é claro, enquanto uma onça luta com um Fila, os outros a atacariam. Isso é só uma teoria, mas é interessante.

O fato é que, no momento em que se começou a selecionar sistematicamente esses cães, chamados inicialmente de “cabeçudos”, eles habitavam as fazenda,s especialmente de Minas Gerais e Pernambuco, faziam a guarda das mesmas, e trabalhavam na lide com o gado. Ainda hoje muitos Filas exercem ambas as funções.

Após o primeiro padrão, elaborado em 1946, e depois do reconhecimento pela F.C.I. pouco depois, o mesmo sofreu mais algumas modificações. O último padrão foi publicado em 1982, e é o que está vigente até hoje.

Agora notemos que o traço mais peculiar do Fila é o temperamento. O Fila é feito de contrastes: extremamente dócil com aqueles que ele reconhece como sua família, confiável, tranqüilo, babão, se esfregando nas nossas pernas como gatos gigantes pedindo carinho; mas basta a presença de um estranho que ele vira um feroz agressor! Quem já presenciou essa reação fica impressionado. E gosto de entender da seguinte forma: o Fila é completamente apaixonado e submisso àqueles que ele ama; e os ama tanto, que não tolera que ninguém ponha os seus em perigo. Da mesma forma ele protege o lugar onde vive como um fiel guardião, porque é o lugar onde ele e aqueles que ele ama vivem. É como um pai que diz: “ai de quem toque nos meus filhos!”.

Mas é necessário que o novo proprietário esteja consciente disso. Porque aquele filhotinho sapeca que ele está levando para casa, receptivo a todos, se transformará num poderoso cão de mais de 60kg, com uma mordida poderosa, e não tolerará a presença de estranhos! Assim, quem tem um Fila tem que ter necessariamente algum lugar seguro onde prender o cão para poder receber visitas.​ Lembrando que a sua mãe, o seu irmão ou o seu sobrinho, por mais seus parentes que sejam, serão entendidos como estranhos por ele! Aliás, é mais fácil que o seu Fila entenda a empregada da casa ou o caseiro da chácara como "família" do que o seu melhor amigo que veio lhe visitar. Entender isso é importantíssimo para evitar o risco de acidentes! Chegou uma visita? Cachorro pro canil imediatamente!

A outra característica interessante está na relação do Fila com as crianças. Ele é extremamente tolerante com elas (basta ver a quantidade enorme de fotos de Filas com crianças na internet para entender!), mas os amiguinhos ou primos das crianças de casa serão sempre entendidos como estranhos por ele! Os cães não têm o sentido moral do que fazem, e não têm como saber que “são só crianças”.
 
De igual maneira na hora de passear com o cão pela rua. Com paciência e muita socialização desde filhote é possível ter um cão comportado na rua. Mas é preciso ter um imenso cuidado, porque, se um transeunte vem no sentido contrário, seja correndo, de bicicleta, skate, patins, ou até caminhando, esse será interpretado como um possível agressor pelo cão. Então a regra é: guia curta, tranqüilidade, prevenção e pensamento rápido. Se o condutor tem medo do cão, então é melhor que nem saia com ele, porque pode virar uma confusão danada – e o Fila é capaz de matar um homem!

O manejo higiênico da raça é relativamente simples. Normalmente o Fila evita sujar o lugar onde brinca, dorme, come e passa o dia, e, se tiver a oportunidade, escolherá algum lugar no jardim o mais longe possível para usar como "banheiro". E normalmente o faz de maneira natural, sem necessidade de adestramento específico.

A saúde do Fila também é rústica. Existem males tais como entrópio, prolapso vaginal, conjuntivite, e problemas de pele, mas não são tão comuns assim, ou ao menos não mais comum do que em outras raças. O mal mais importante se refere a um problema crônico e comum nas raças grandes: a displasia coxo-femural. Se trata de um mau encaixe da cabeça do fêmur no acetábulo da anca. Existem muitos níveis desse mal, mas via de regra o cão sente dor ao caminhar, e nos casos mais graves, termina os seus dias inválido. Nos casos mais leves o cão convive bastante bem com o mal, graças à sua musculatura. Para evitar esse problema, que na maior parte dos casos é de origem genética, se faz o controle por meio de uma radiografia e um laudo, feito depois que o cão completou 18 meses. Com o resultado desse laudo na mão, se deve programar os acasalamentos, para não piorar o problema nos filhotes.​ Mas, mesmo assim, é um mal difícil de controlar, por ser poligênico e dominante. Ou seja, de dois cães isentos do mal, podem nascer filhotes com o problema; no entanto, de dois cães displásicos todos os filhotes sofrerão do mal!

E, para que a ossatura do Fila se desenvolva corretamente e sem problemas futuros, é de fundamental importância que a alimentação do filhote e do adulto seja bem feita. Existem adeptos da chamada “alimentação natural”, apesar de que parece ser que os melhores resultados sejam daqueles que alimentam seus cães com rações industrializadas. Mas cuidado! Uma ração de má qualidade não resolve o problema! Utilizo aqui no Canil a ração da Royal Canin, que recomendo. Existem outras no mesmo nível, tais como Proplan, Nutro Choice e outras. Porque, se o seu filhote come ração de má qualidade, ele pode se desenvolver mal e ter sérios problemas de saúde no futuro.​ Tenha isso em consideração: os gastos com um cão inválido ou cheio de problemas ósseos são muito maiores do que o valor de uma alimentação de qualidade!

Outra coisa com a que se deve ter o maior cuidado é com a vacinação. Depois das doses dadas aos filhotes (são 3 doses no espaço de 3 meses), é necessário proceder com a vacina anti-rábica, e fazer o reforço de ambas pontualmente a cada ano.
Cuidados com pulgas e carrapatos dispensam comentários: além de parasitar o cão e causar sofrimento, são transmissores de diversas doenças, algumas delas inclusive fatais. A aplicação mensal de Front-line ou outro produto equivalente costuma ser eficaz, além do cuidado com a higiene do lugar onde o cão vive.

Outro problema que costuma aparecer quando o cão vai ficando adulto é o aparecimento de calos, especialmente nos cotovelos e no calcanhar. Isso acontece por causa do peso da raça, e é bastante comum. E quanto mais abrasivo for o piso, maior as chances do problema aparecer ou se agravar. Normalmente se recomenda que o cão durma sobre um tablado de madeira, se possível coberto com algum material que amorteça a pressão sofrida nessas articulações. Também é necessário evitar piso escorregadio, porque pode provocar a torção dos ossos das patas, gerando problemas mais sérios no futuro, além de causar dor ao animal.

Fora esses cuidados e um banho a cada 15 dias, o Fila não requer cuidados especiais.
 
Abaixo trazemos o padrão oficial, reconhecido pela CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia), órgão máximo da cinofilia no Brasil, e devidamente homologado pela F.C.I.:
Padrão oficial:
 
http://www.cbkc.org/padroes/pdf/grupo2/filabrasileiro.pdf
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