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Criação

 

Nossos Princípios

O Canil nasce de um sonho: poder trabalhar no melhoramento das raças através da criação controlada e do melhoramento genético.​ Para isso é importante tomar algumas decisões e ser coerentes com elas. Onde queremos chegar? O que queremos aportar para o melhoramento da raça? E, sobre tudo, como se fazem essas coisas?​ A partir disso tomamos alguns princípios:
1. O ponto de partida de cada raça deve ser cães de boa qualidade. Por "boa qualidade" se entende a conformação com o padrão oficial da raça (um cão correto), e com atributos importantes que possam ser úteis para a função para a qual a raça foi concebida. Proceder de outro modo pode até produzir cães bonitos, mas não ajuda na melhoria da raça.
2. Junto com o fenótipo (o que o cão é, fisicamente e no temperamento), é importante tomar em consideração o genótipo (o que o cão é capaz de transmitir aos seus descendentes). Para isso é necessário experimentar cruzas e observar os seus resultados, não só nos filhotes, mas quando adultos. Isso traz riscos e gastos. E é um dos desafios da criação. Às vezes um cão lindo não é capaz de dar filhos tão lindos quanto ele; e igualmente um cão não tão lindo (porém sempre correto!) produz filhos maravilhosos. Ou ainda, tal cão só produz boa prole com tal cadela, e tal cadela com tal cão. É um trabalho árduo, de anos.
3. O temperamento deve sempre ser tomado em consideração em função da utilidade da raça. Um Labrador que tem medo de tiro não é capaz de caçar; um Pastor Alemão incapaz de correr longas distâncias detrás do rebanho para agradar o dono é um cão inútil; um cão de guarda que gosta de estranhos não guardará a casa e perderá a sua função; um galgo incapaz de correr, um terrier sem energia, iniciativa e agilidade, ou um cão de companhia que morde. Não se pode nunca separar temperamento e função. E esse item é muito difícil de corrigir. Via de regra, tirar ou destruir o temperamento de um cão é fácil; acrescentar é quase impossível!
4. O condicionamento dos filhotes, especialmente nos primeiros meses de vida, é fundamental para que desenvolva todo o seu potencial na vida adulta. Para isso é necessário que tenham boa saúde, um ambiente agradável, cuidados veterinários, vacinas em dia, proteção contra parasitas, boa alimentação. Mas sobre tudo devem ser socializados desde cedo, tanto com outros cães, como com humanos. Só assim eles aprenderão que existe uma hierarquia a ser respeitada e que os humanos não são só provedores de alimento e água, mas amigos. Muitos dos problemas de comportamento do cão adulto têm origem na socialização precoce insuficiente ou inexistente.
5. A compatibilidade entre cão-dono não deve ser esquecida no momento em que os filhotes vão para o novo lar. Uma pessoa pacata e de atividade baixa viverá um inferno com um Terrier em casa; do mesmo modo um jovem que gosta de esportes, corridas e passeios de bicicleta ficará frustrado com o um Chow-Chow por exemplo. Muitas coisas devem ser tomadas em consideração na hora da escolha da raça, além do tamanho do cão: grau de atividade, cuidados com a saúde, males típicos da raça, necessidade de atividade física e mental, cuidados com o pêlo, agressividade e confiabilidade, entre outras. Escolher um cão só pelo porte ou pelo aspecto é a principal causa de frustrações e abandonos. Assim também o criador deve tomar cuidado com os potenciais clientes, entrevistá-los, conversar com paciência, esclarecer, e, se for o caso, se recusar a vender um filhote para um determinado cliente!
6. Para auxiliar na colocação dos filhotes nos novos lares é necessário adotar, sistematicamente, algum tipo de método. No meu caso adoto o teste de Voilhard. Com os dados do filhote (o indivíduo, não só a raça!) e do cliente é possível ajudar a colocar o cão certo no lar certo. É um trabalho difícil, mas vale a pena!
7. Porém é preciso também saber aceitar que não mandamos em tudo! A Mãe-Natureza às vezes nos prega peças, e é necessário que saibamos aceitá-las e respeitá-las mais além dos nossos planos e esperanças. Um filhote que tínhamos separado para ser padreador que fica monorquídico, uma fêmea que perde o útero, um que perde a dentição ou a mordida correta, outro que morre antes de poder gerar um único filho, uma cruza que fracassa, são exemplos do que estou falando.
Por último, como forma de valorizar o nosso plantel qualitativamente (não no preço!), levamos todos os nossos cães a exposições de beleza e conformação, de modo que possam ser avaliados pelos juízes e adquirir títulos de beleza.
 
Por último gostaria de deixar aqui uma nota: o trabalho de criação no Canil não se destina ao nosso sustento e dos cães. Para isso trabalho como professor de idiomas. A criação, para nós, é uma paixão, e uma paixão cara. E não nos importa, porque, se outras pessoas tiverem a oportunidade de fazer a mesma experiência que eu a causa do nosso trabalho, já me darei por satisfeito!
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