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Cão de Crista Chinês

(Chinese Crested Dog)

Cão de pequeno porte, classificado como cão de companhia, é extremamente alegre e sociável. Sua origem é seguramente chinesa, e sobreviveu à revolução chinesa graças a alguns navegantes que levaram desses cães para a Europa como presente. A um certo ponto se popularizou, e foi patrocinado pelo The Kennel, que detêm os direitos do padrão da raça.
Sua aparência é pitoresca, e suscita reações diametralmente opostas: ou a pessoa o acha horrível ou o acha lindo.
Todos conhecem a imagem do cãozinho todo pelado, com um tufo de pêlos na cabeça, na ponta das patas e na ponta do rabo. Mas o que poucos sabem é que existe também o Chinese peludo. Os primeiros são chamados de Hairless, e os segundos de Powder Puff (pompom de pó-de-arroz).
Uma curiosidade: a temperatura deles. A temperatura normal dos cães é de 38°, mas o Chinese chega até os 42°! Tem a ver com o fato de ser pelado, apesar de que os Powder Puffs também são muito quentes. Por esse fato as nobres chinesas os usavam para cólica menstrual, igual que algumas mulheres usam bolsas de água quente!

Outro fato é o que o padrão fala logo no início, de que existem dois tipos de ossatura, uma mais leve e outra mais pesada. Isso se dá nas duas variedades. Via de regra os de ossatura mais pesada dão a impressão de ser mais compridos, mais retangulares, e os de ossatura mais leve são mais quadrados, mais curtos. O padrão não especifica essa proporção, e, por tanto, ambas são igualmente aceitas, mas a diferença se nota ao apalpá-los.
O ponto mais complicado é a pelagem. O padrão fala da existência dos Hairless e dos Powder Puff, inclusive falando que podem ter bem poucos pêlos ou serem mais fartos; dos powder puffs diz apenas que deve ter um véu.
Em realidade muitos hairlesses são peludos em todo o corpo, e daí a confusão! Mas é relativamente fácil identificar quem é quem: o pêlo dos Hairless, mesmo quando abundante, não tem véu. O véu é o sub-pêlo, e a gente vê a simples vista que a pele aparece com dificuldade dentre a pelagem, enquanto que os Hairless não têm sub-pêlo e, afastando os pêlos, vemos claramente a pele. Também na barriga, os Hairless a têm quase pelada, mesmo se a pelagem no resto do corpo é abundante. E a propósito de pele, a dos pelados é mais grossa do que a dos peludos.
A outra coisa especial são as orelhas: nos pelados as orelhas têm que ser eretas, mesmo que lateralmente, e precisam ambas as orelhas serem eretas à mesma altura, mas nos peludos as orelhas caídas são aceitas.
Dito isso vem o tema da tosa. Na verdade o Chinese pode ser apresentado em exposições de qualquer jeito, seja raspado ou não... Mas o “correto” é raspar o corpo dos pelados, deixando a crista até a cernelha, e partindo do stop. Normalmente a crista é mais abundante na nuca e parte posterior do pescoço, mas nem sempre. Também se deixa, nas patas traseiras, até os ossos do tarso; nas patas dianteiras, igualmente, até os ossos do carpo. O rabo deve ser raspado no primeiro terço, deixando a pelagem nos dois últimos terços. Isso são parâmetros um pouco relativos, porque podemos variar um pouco para esconder defeitos ou ressaltar qualidades.
O resultado é que os “True Hairless” ficam com pouquíssimos pêlos na cabeça, patas e rabo, e os “Hairless” costumam exibir uma crista exuberante, assim como “sapatinhos” e cauda abundante. Na prática, os hairless ficam muito mais bonitos do que os True Hairless.
Os Powder Puffs também podem ser apresentados do jeito que se quiser. Ao acessar o site da Westminster (a exposição mais importante dos EUA) e procurar o vídeo dos Chineses, se podem ver Powder Puffs de todo jeito: com a cara peluda, com as orelhas raspadas, sem raspar orelhas, com a cara raspada, com o colarinho em “U” ou em “V”, etc. Via de regra eu gosto de raspar a cara deles de modo parecido aos Poodles: do stop para baixo, numa linha do canto dos olhos até a base das orelhas, e da parte inferior das orelhas até a ponta do esterno. Eu costumo fazer o acabamento em V, mas acho indiferente se em V ou em U. O resto da pelagem só deve ser limpa, escovada e penteada. A maioria dos handlers divide o pêlo no dorso com uma linha (que se faz com um pente fino com uma haste de metal), apesar de não ser obrigatório. Mas a linha abaixo do dorso não deve ser aparada. Ao contrário de outras raças de pelagem longa e caída, ela não deve apresentar aquela pelagem cortada reta, que se nota em seguida a marca da tesoura. Quanto mais natural melhor. E a pelagem também não deve ser estirada como a de um Yorkshire. Ao contrário, deve ser esvoaçante. Eu costumo, depois do banho, secar com secador e pente, e fazer chapinha, mas só para dar um aspecto de ter sido cuidada, não para estirar os pêlos. Para a manutenção semanal é suficiente escová-los com essas escovas de pinos de metal próprias para cães, ou seja, sem aquelas “bolinhas” na ponta das hastes.
Outra coisa importante são as patas: não se deve arredondá-las como em outras raças! Ao contrário, deve dar a aparência parecida a das patas dos Hairless. Se deve cortar somente por baixo das almofadas plantares para evitar que o cão escorregue no piso liso.
É importantíssimo que o cão, seja pelado ou peludo, tenha o dorso reto e horizontal! O padrão diz inclusive que a angulação das patas deve ser suficiente para que o dorso fique nivelado. Por tanto, não importa se o cão é bem angulado ou pouco angulado – se o dorso fica reto, o cão é correto!
Dito isso tem o tema da criação. Infelizmente não existe como assegurar que numa determinada ninhada vão sair Hairless ou True Hairless. Mas sim sabemos que o gene responsável pelo fato de ser peludo é recessivo, e que o gene responsável pela mutação do pelado (sim, é uma mutação genética!!!) é dominante, e se chama FOXI3. É um gene comum aos cães pelados que conhecemos (Xoloitzcuintle, ou Pelado Mexicano, Pelado Peruano e Chinese). Segundo os estudos feitos por Drögemüller (Drögemüller, C. et al. 2008. A mutation in Hairless Dogs Implicates FOXI3 in Ectodermal Development. Science 321 (5895): 1462), o pelado seria necessariamente heterozigoto (por tanto, Plpl), o peludo, homozigoto recessivo (plpl), e o homozigoto dominante (PlPl) não se forma no útero da mãe, porque é letal. Sobre isso vale à pena consultar também a edição eletrônica do manual “Xoloitzcuintle, del enigma al siglo XXI”, de Raúl Valadez Azúa e Gabriel Mestre Arrioja, que possui um capítulo sobre a genética.


 

1. Peludo + peludo (plpl + plpl) = todos os filhotes serão peludos (100% plpl).
2. Peludo + pelado (plpl + Plpl) = podem sair tanto pelados como peludos (50% Plpl, 50% plpl).
3. Pelado + Pelado (Plpl + Plpl) = podem sair tanto pelados como peludos, e 25% de chances de zigotos que não se desenvolverão por ser o duplo dominante letal (25% PlPl, 50% Plpl, 25% plpl).​A esse ponto, teríamos as seguintes combinações possíveis: (veja figura ao lado)

É importante saber que o mesmo gene ligado ao fato de ser pelado ou peludo está ligado diretamente à dentição. Via de regra, quanto mais pêlo, melhor a dentição. Por isso existem muitos desses cães que ficam com a língua permanentemente de fora – como perderam os pré-molares (os primeiros a “voar”...), a língua não fica dentro da boca; com o tempo a língua resseca e hipertrofia, e o resultado é uma língua eternamente fora da boca. Ao contrário de outras raças, eles podem ir para a pista mesmo se não tem nem um único dente! Assim, os peludos normalmente têm boa dentição, e muitos deles a têm completa; os Hairless costumam ter poucos dentes; e os True Hairless costumam ser desdentados!​
A esse ponto, uma criação bem feita deve sempre colocar peludos na linhagem, para que a dentição não fique cada vez pior!​
Infelizmente os peludos são pouco conhecidos e mais difíceis de vender. Mas é o preço por ter uma criação bem feita.​
E ainda tem outra: também via de regra, quanto menos pêlo melhor a estrutura! Por tanto, mesmo sendo mais feios e menos valorizados em exposições, os True Hairless têm que ser usados nas linhagens também!​
O temperamento é também cativante: é muito alegre! É relativamente ativo, adora correr, pular em cima do sofá, fazer bagunça, e lamber. Especialmente a nossa cara. Um verdadeiro cão de companhia.​

 

 

Com estranhos eles são mais reservados, mas sem ser nunca agressivos.​​
Só que para que o temperamento seja assim, os cães devem ser socializados desde muito cedo. Eles não costumam ter problemas com outros cães, mas se não tiverem contato próximo com humanos entre os dois e os quatro meses podem ficar tímidos demais, e esse dano pode ser irreversível!​​
Não é um cão para ficar no colo por horas ou ficar quietinho – é muito brincalhão e bagunceiro – mas precisamente por isso enche a casa de alegria! É companhia muito interessante para pessoas com problemas de depressão, assim como idosos e pessoas que moram sozinhas. Em definitiva, uma figura!

Padrão Oficial:

http://www.cbkc.org/padroes/pdf/grupo9/caodecristachines.pdf

Hairless – pelado.
A imagem que se espera de um Chinese Hairless, é a de um cavalinho – é a sensação que as pessoas têm ao ver um. A imagem abaixo fala por si só.

Powder Puff – peludo.
Abaixo várias imagens de cães Powder Puffs de qualidade. A pelagem típica é a de um véu de pelos lisos e sub-pêlo em abundância. Notar que, no caso dos Powder Puff, as orelhas podem ser caídas.

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